Apanhado da Semana #02: Amaro Freitas, Jupiter & Okwess e mais

Aquele resumo despretensioso do que vi, ouvi e gostei durante a semana entre 25 de abril e 1º de maio. Vem conferir comigo!

Amaro Freiras – Baquaqua

Um dos músicos mais impressionantes que conheci nos últimos anos, o pernambucano lançou na sexta-feira (30) o single “Baquaqua”, que evoca a rara história de Mahommah Gardo Baquaqua, nascido em Zooggoo, na África Central, e escravizado no Brasil.

Baquaqua fugiu para Nova York em 1847 e aprendeu a ler e escrever. Sua autobiografia, publicada por Samuel Moore, é considerada o único documento conhecido sobre o comércio de escravos escrito por uma vítima dessa brutalidade.

A canção em sua referência estará presente no terceiro álbum do jazzman, “Sankofa”, previsto para junho. Segundo ele próprio, com o novo trabalho, quer resgatar a memória e “homenagear bairros, nomes, personagens, lugares, palavras e símbolos que vêm de nossos antepassados e comemorar de onde viemos”.


Jupiter & Okwess – Marco

Diretamente da República do Congo, a banda toca forte contra o racismo e a dominação colonial. A primeira música que ouvi foi “You sold me a dream“, ainda em março, misturando lingala, língua materna do país africano, e o espanhol na voz da chilena Ana Tijoux. Admito que fiquei constrangido por não ter conhecido antes, apesar do já consistente trabalho.

Com o disco “Na Kozonga” finalmente lançado em 23 de abril, com participação, inclusive, dos meus conterrâneos Marcelo D2 e Rogê, adotei para mim “Marco“, com essa guitarra apaixonante e o som das maracas. O álbum tem produção própria da banda, além de François Gouverneur e do brasileiro Mario Caldato Jr, que coleciona trabalhos com Beastie Boys e o mesmo D2, além de Seu Jorge.


Selton – Campari di musica

Uma das bandas que mais gosto na atualidade, a Selton, hoje um trio, lançou mais um álbum: “Benvenuti“, com a já característica mistura de inglês, italiano e português – este com menos espaço, desta vez. A banda já tinha dado amostras de renovação, especialmente com “Pasolini“, cujo clipe saiu ainda no final de 2019 e é um pancadão milanês.

Na sétima faixa, “Campari di musica”, é a pegada que me fez gostar do grupo, com a adesão maravilhosa do Bixiga 70 e seus metais. É pura luz solar neste Brasil atualmente tão cinza. Já “Fammi Scrollare“, a nona, que tem participação de Emicida, traz toques de samba e rap que faz dividir meu coração entre as preferidas.


Marcelo Yuka Presente!

Na quinta-feira (29), foi inaugurado um mural de grafite em homenagem a um dos caras mais bacanas que o Rio já teve: Marcelo Yuka. Principal letrista do grupo O Rappa, em sua fase áurea, foi vítima da mesma violência que denunciava nas composições, o que o deixou tetraplégico e multiplicou sua militância. Quem me falou antes desse movimento foi meu amigo Flávio César, DJ, agitador cultural e o melhor vendedor de vinil desta cidade. Conto todos os detalhes na Pitaya Cultural.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *